Conforme disse ao site Polygon, a companhia “recentemente enviou à Oculus uma nota formal concernente aos seus direitos sobre tecnologias centrais utilizadas pela Oculus para desenvolver e promover o Oculus Rift”.
O texto continua: “A tecnologia da ZeniMax não pode ser licenciada, transferida ou vendida sem a aprovação da ZeniMax Media. Os direitos sobre a propriedade intelectual da ZeniMax se originaram de extensas pesquisas relacionadas à realidade virtual e trabalhos de desenvolvimento levados a cabo durante os anos em que John Carmack ainda era empregado na ZeniMax, juntamente com outras pessoas”.
Tentativa de acordo em 2012
A empresa afirma ter provido o fundador da Oculu VR, Palmer Luckey, e outros empregados da companhia com tecnologias de realidade virtual, além de outras “assistências valiosas”, durante os anos de 2012 e 2013. De acordo com ZeniMax, foi isso que permitiu “transformar o Oculus Rift em um produto de realidade virtual viável”, superior a outros aparelhos similares oferecidos pelo mercado.
Conforme disse uma fonte anônima do The Wall Street Journal, a atual disputa foi, de fato, iniciada em 2012 — época em que Carmack entrou em contato pela primeira vez com Luckey. Na época, o fundador da Oculus VR desenvolvia uma tecnologia de realidade virtual na Universidade do Sul da Califórnia, tendo, então, enviado um protótipo do seu headset VR a Carmack.
Segundo a ZeniMax, esse primeiro protótipo, que ganhou contribuições de Carmack, serviu como modelo para o que posteriormente se tornaria o Oculus Rift — projeto que angariou US$ 2,4 milhões no Kickstarter em setembro de 2012, indo muito além dos US$ 250 mil pretendidos. Ainda de acordo com a referida fonte, a ZeniMax teria buscado compensação já em agosto de 2012.
“O Sr. Luckey havia reconhecido os direitos da ZeniMax”
O anúncio de que Carmack se juntaria à Oculus para um esforço colaborativo foi feito em agosto de 2013, época em que o criador de Doom ainda pretendia trabalhar simultaneamente nas duas empresas — embora tenha desistido, afirmando que a id Software, que pertence à ZeniMax, não lhe permitia dar continuidade ao desenvolvimento de tecnologias de VR.
“A tecnologia proprietária e o know-how que o Sr. Carmack desenvolveu enquanto era empregado da ZeniMax, e que foram utilizados pela Oculus, pertencem à ZeniMax”, diz o referido comunicado oficial.
Na nota a companhia também afirma que Palmer Luckey já havia reconhecido o status legal da tecnologia provida por Carmack. “Muito antes de a transação com o Facebook ser anunciada, o Sr. Luckey já havia reconhecido por escrito os direitos legais da ZeniMax sobre essa propriedade intelectual. Foi posteriormente acordado que o Sr. Luckey não revelaria essa tecnologia a terceiros sem aprovação prévia.”
“Nossa tecnologia transformou um projeto de garagem em realidade”
Conforme afirma ainda a Oculus “utilizou a propriedade intelectual sem autorização, compensação ou crédito à ZeniMax”. De acordo com a nota, a companhia chegou a buscar um acordo com o criador da Oculus, propondo uma participação acionária por conta da propriedade intelectual utilizada, algo que acabou “não alcançando uma resolução satisfatória”.
Um tanto mais ácida, a nota continua: “Foi unicamente por meio dos esforços concertados do Sr. Carmack, utilizando tecnologia desenvolvida por muitos anos, de propriedade da ZeniMax, que o Sr. Luckey foi capaz de transformar o seu sonho de garagem em uma realidade funcional”. De acordo com o The Wall Street Journal, a carta foi enviada no dia 18 de abril, endereçada aos advogados da Oculus e ao diretor jurídico da Facebook, Colin Stretch
O que dizem a Oculus VR e John Carmack
Em comunicado oficial, o fundador da Oculus VR, Parmer Luckey, afirmou que defenderá com vigor os interesses de sua companhia. “É lamentável, mas quando há esse tipo de transação, as pessoas saem de suas tocas com exigências ridículas e absurdas”, disse ele. “Nós pretendemos defender vigorosamente a Oculus e os seus investidores até as últimas consequências.”
John Carmack, por sua vez, afirmou via Twitter que a ZeniMax não possui direitos de patente sobre a tecnologia de realidade virtual. “Nenhum trabalho que eu desenvolvi [na ZeniMax] foi jamais patenteado”, disse ele. “A ZeniMax possui os códigos que eu escrevi, mas eles não são donos da realidade virtual.”
Enfim, é provável que isso ainda dê muito pano para manga. De fato, ainda é preciso conhecer, em detalhes, a tecnologia referenciada pela ZeniMax — embora, de fato, Carmack tenha divulgado papeis oficiais de suas pesquisas com realidade virtual enquanto ainda trabalhava para a companhia. Ao que parece, o acordo prévio com Luckey pode acabar dando estofo a um processo sobre direitos autorais. É esperar para ver.
A ZeniMax é a empresa matriz da id Software, desenvolvedora co-fundada por John Carmack, na qual foram desenvolvidos vários títulos de peso, como Doom, Quake e Rage.
Fonte: BJ
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